Realidade virtual e saúde mental

Profissionais da saúde estão adotando a realidade virtual para ajudar pacientes a lidarem com TEPT, transtornos de ansiedade, e outros condições mentais.

Usar realidade virtual para tratar transtornos pode parecer novidade, mas o método vem sendo utilizado desde 1995, quando a psicóloga clínica Barbara Rothbaum ajudou o calouro Chris Klock a vencer o medo de altura.

A tecnologia daquela época era outra. Chris precisava vestir um monitor montado na cabeça que o transportava para um ambiente 3D. Lá, ele vencia seu medo de altura atravessando pontes, indo a varandas altas etc.

O experimento de Rothbaum foi o primeiro estudo controlado usando realidade virtual para tratar um distúrbio psicológico. Foi publicado no American Journal of Psychiatry, e os pesquisadores descobriram que aqueles tratados com RV relataram redução da ansiedade.

Nas várias décadas desde o primeiro experimento de Rothbaum, a RV foi utilizada para tratar transtornos de ansiedade, depressão, vícios, dores, TDAH, autismo, doença de Alzheimer, lesão cerebral traumática, acidente vascular cerebral e muito mais.

À medida que a RV se torna mais sofisticada e acessível, aumenta o seu potencial para melhorar o atendimento ao paciente. No entanto, por mais encorajador que seja o crescente corpo de evidências clínicas, a RV ainda enfrenta barreiras em sua implementação generalizada, assim como preocupações éticas persistentes sobre o compartilhamento de dados pessoais.

Enquanto os pesquisadores trabalham para resolver esses problemas restantes, muitos preveem que os tratamentos de RV em breve estarão disponíveis para qualquer pessoa que precise de ajuda.

Daniel Freeman, psicólogo clínico da Universidade de Oxford, está desenvolvendo terapias de RV automatizadas de alta qualidade com guias de avatar gerados por computador, para que um terapeuta da vida real não precise estar presente o tempo todo.

No mês passado, sua equipe estreou sua mais nova terapia cognitiva VR automatizada, conhecida como gameChange. O programa é projetado para atenuar a agorafobia, ou medo de entrar em espaços dos quais a fuga pode ser difícil, que os indivíduos com esquizofrenia costumam sentir. Aproximadamente seis vezes ao longo de seis semanas, os participantes se encontraram com um treinador virtual dentro de seus monitores montados na cabeça, que os guiou por cenas cotidianas que seriam muito assustadoras para navegar na vida real, seja um café, loja local, pub, ônibus, sala de espera do consultório médico ou simplesmente abrir a porta da frente para encarar o mundo exterior.

Tratamentos de RV como o gameChange, combinados com a chegada de equipamentos de RV acessíveis e fáceis de usar, têm o potencial de conceder a milhões de pessoas acesso à ajuda de que precisam.

Com 346 participantes, o estudo gameChange de Freeman foi o maior teste até hoje de qualquer tratamento de RV para uma condição de saúde mental. Os pesquisadores descobriram que sua abordagem reduziu a ansiedade e a angústia causadas por situações cotidianas, e a terapia automatizada de RV foi particularmente eficaz para ajudar aqueles com agorafobia grave.

Embora os tratamentos de RV sejam relativamente comuns, esse salto do laboratório para a clínica ainda é relativamente recente e geralmente relegado a grandes redes hospitalares e centros de tratamento especializados. Talvez com o passar dos anos e avanço da tecnologia, todos possam ter acesso a esse tipo de tratamento.

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