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Redação Momento 2 | 27 de abril de 2022 | Tags: ,

Elon Musk e Twitter, duas marcas polêmicas

Elon Musk compra Twitter: o que pensar sobre liberdade de expressão?

De um lado, um bilionário que construiu sua imagem (e fortuna) de forma meteórica à frente de iniciativas que apresentam ao público carros inteligentes, foguetes que dão ré e até chips neurais. Do outro lado, uma plataforma que apesar de nunca ter sido protagonista, destaca-se por seu público altamente engajado e disposto a compartilhar de tudo, das notícias do último minuto a opiniões ácidas e irônicas.

Para entender como a trajetória de Musk se cruza com a do Twitter, vale lembrar que tecnologia sempre esteve em seu currículo. Criador do jogo Blastar aos 12 anos, depois do site de informações sobre cidades Zip2, vendido à Compaq por U$307 milhões, em 1999, desembocou na Xcom, uma empresa de serviços financeiros. E foi justamente da junção da Xcom com a Confinity (outra fintech) que surgiu o Paypal.

Sua passagem pelo Paypal foi marcada por desentendimentos que o levaram a sair de cena embolsando US$165 milhões por sua participação.

Daí para frente, Elon Musk surpreendeu o mundo com a criação de duas grandes empresas disruptivas: SpaceX e Tesla. A primeira surge com uma proposta de tornar viagens espaciais mais viáveis em escala, através do reaproveitamento de foguetes. A segunda, de construir automóveis elétricos com tecnologias autônomas. Além dessas, a Neuralink é seu empreendimento de neurotecnologia que desenvolve implantes que conectarão o cérebro a computadores.

Claro, com tal currículo, Elon Musk provavelmente teria muito a dizer. E foi no Twitter onde ele encontrou solo fértil.

Na rede em questão, pode ser considerado um dos mais influentes a nível global, tanto pela quantidade de seguidores quanto por suas opiniões, que muitas vezes impactaram diretamente mercados como o de criptoativos e ações.

Seu posicionamento, entretanto, levanta uma questão crucial e denuncia até mesmo suas intenções com a compra de ações da plataforma, se tornando o sócio majoritário e principal deliberador.

Sob o véu de liberdade de expressão, em seu perfil Musk não esconde o posicionamento liberal de direita. Além de eventuais alfinetadas em concorrentes da SpaceX e Tesla, tweets que fazem criptoativos dispararem e até enquetes sobre venda de ações da sua empresa, já questionou abertamente Biden e o próprio Twitter em relação ao cerceamento de conteúdos que poderiam muito bem serem construídos a partir de boatos e notícias falsas.

Musk está na mesma esteira de Joe Rogan, lá nos EUA, e de Monark (e cia) aqui no Brasil, utilizando o argumento de liberdade de expressão para validar um pensamento sem “responsabilidade de expressão”. Esse discurso ganhou mais notoriedade com a rápida expansão de uma direita calcada em argumentos de liberdades de mercado, armas, tecnologia, especulação e tudo mais.

A pandemia parece ter acelerado ainda mais esse agrupamento. Vale citar aqui o episódio envolvendo o podcaster (e apresentador do UFC) Joe Rogan, que propagou conteúdos inverídicos sobre vacinas no combate ao coronavírus. No cabo de guerra contra o músico Neil Young, venceu a disputa. Young retirou seu acervo do Spotify que pouco fez para coibir as fake news do podcaster, atualmente com mais de 2 milhões de assinantes em seu canal na plataforma.

Neste sentido, o Twitter também não é flor que se cheire. A rede tem, notoriamente, um grave problema com perfis falsos e robôs que servem a inúmeras finalidades, mas mais significativamente à política. Esta guerra aos robôs (não os verdadeiros, mas os perfis falsos da rede) parece ser uma das bandeiras levantadas por Musk. Segundo ele, há previsão de verificação de todas as contas evitando perfis falsos.

Essa possibilidade, entretanto, não o exclui da responsabilidade de disseminar conteúdos e posicionamentos que possam gerar desequilíbrio em diversos setores da sociedade. É claro, Musk tem grande mérito no desenvolvimento de ideias e soluções vanguardistas de tecnologia, mas também não parece ter consciência sobre o impacto de suas palavras a nível global. Ou melhor, não se importar com isso. Tendo a faca e o queijo (pássaro) na mão, pior ainda. À medida em que assistimos ao acirramento de polaridades na política global, vemos também uma discussão acalorada sobre os limites da expressão nas redes. Ainda há muito o que evoluir em termos de direito e estado, mas milionários e influencers têm enxergado essa pauta como oportunidade de negócio e visibilidade, e às vezes os dois juntos, haja visto os US$ 44 bilhões investidos na compra do Twitter.  

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